segunda-feira, 15 de outubro de 2007

A construção de Brasília

"O Rio de Janeiro se tornara uma cidade de grande tamanho populacional, onde vivia uma população em grande parte parte politizada e com capacidade de fazer pressão sobre os poderes políticos [...]. As razões geopolíticas conservadoras aconselhavam a que se colocasse a capital em ponto mais distante, em cidade moderna, construída com condições de mais fácil movimentação de tropas e onde os governantes pudessem tomar as suas deliberações políticas de forma menos dependente da pressão popular".

Manuel Correia de Andrade.




Numa conhecida canção, o músico brasiliense Herbert Vianna viria a corrobar as palavras do geógrafo:



"Brasília é uma ilha, eu falo porque eu sei

Uma cidade que fabrica sua própria lei

Onde se vive mais ou menos como na Disneylândia

Se essa palhaçada fosse na Cinelândia

Ia juntar muita gente pra pegar na saída

Pra fazer justiça uma vez na vida".

Paralamas do Sucesso, Luiz Inácio [300 picaretas].
A nova capital promoveu a integração da região Centro-Oeste, proporcionando um impulso econômico que revolucionou o interior do Brasil. Ocorreram então a abertura das estradas, a expansão agrícola, a dinamização industrial. Inaugurou-se a rodovia Belém-Brasília, que, rasgando o território central brasileiro, permitiu a ampla ligação terrestre entre a Amazônia e o eixo econômico do Sudeste. A partir dali, a ocupação amazônica não mais cessaria.
Portanto, a construção de Brasília é um projeto com dois vieses: um de ordem geopolítica, transferindo o poder para longe das massas, e outro de ordem geoeconômica, proporcionando a integração regional do meio-oestebrasileiro. Ambos se completam.

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